15 de fevereiro de 2024 Ã s 14:32
Consórcio de café e arroz é testado no Sul de Minas.
Emater-MG e Epamig implantam unidades demonstrativas de arroz no Sul de Minas.
Minas Gerais já foi um importante
produtor de arroz no paÃs, mas nas últimas décadas a cultura perdeu espaço para
outras lavouras. Devido a uma ação conjunta da Emater-MG, Epamig, Ufla e
Embrapa Arroz e Feijão, o cultivo do cereal pode voltar a ganhar força no Sul
de Minas. Na região de Guaxupé, foram implantadas, em 2023, unidades
demonstrativas de arroz de sequeiro em consórcio com o café e a novidade tem
agradado os produtores.
A iniciativa faz parte do Programa de
Melhoramento Genético de Arroz de Terras Altas de Minas Gerais, financiado pela
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), que pretende
testar 18 cultivares de arroz em cidades do Sul de Minas, Vale do Jequitinhonha
e Campo das Vertentes. Na Unidade Regional da Emater-MG (Uregi) em Guaxupé,
foram implantadas unidades demonstrativas de arroz em Guaranésia, Monte Santo
de Minas, Arceburgo, São Sebastião do ParaÃso, São Tomás de Aquino, JacuÃ, Bom
Jesus da Penha e Guaxupé. Já na Uregi de Alfenas, foram criadas unidades
demonstrativas em Lambari, Fama e Alfenas.
"Muitos produtores estavam
interessados em usar uma planta de cobertura no meio do cafezal para melhorar o
solo. Durante a Expocafé (2023), falei dessa demanda com a pesquisadora da
Epamig, Janine Guedes, e vimos a oportunidade de testar o arroz na região. Ao
contrário do milho e soja, o cereal valorizou bastante no mercado e, ao ser
plantado na entrelinha do cafezal, gera uma renda a mais para o cafeicultor",
salienta o extensionista da Emater-MG, Geraldo José Rodrigues, que atua no
programa Certifica Minas Café.
Os técnicos da Emater-MG fizeram a
seleção dos produtores para a instalação das unidades demonstrativas, que
receberam as sementes e demais insumos sem custo. "Está havendo muito interesse
grande pelo programa. O arroz é uma ótima alternativa, principalmente para o
agricultor familiar. Se o cereal é plantado entre as linhas do café novo, ele
serve como proteção contra pragas e doenças. Já quando o café é maior, serve de
palhada e traz alto Ãndice de nitrogênio, o que é positivo para sistemas de
produção", explica Janine.
O plantio das unidades demonstrativas foi feito em outubro e a colheita deve ocorrer em março. O trabalho tem apoio do Programa "Melhor Arroz" da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Pesquisadores e estudantes estão acompanhando a produtividade, adaptabilidade, desenvolvimento e rentabilidade dos materiais. Nas unidades, serão avaliados também a altura, floração, acamamento e possÃveis doenças. Quando ocorrer a colheita, algumas amostras serão levadas para avaliações na UFLA. "Daà vamos saber quais materiais se adaptaram melhor à s condições de clima e solo, e também quais tiveram melhores respostas à s tecnologias disponÃveis em cada propriedade", diz a pesquisadora da Epamig.
Renda para
o cafeicultor
O cafeicultor João Eduardo de Paula
Vieira, de São Sebastião do ParaÃso, plantou 300 metros de linha de arroz e diz
que a lavoura cresceu bem. "Eu plantei o arroz primeiro e depois o café. Estou
animado, pois está tudo bonito. O arroz está grande e deve estar pronto para a
colheita no próximo mês. Vai ser para o consumo da famÃlia, mas poderia ser
vendido, gerando uma renda até o café produzir. Então ajuda o produtor",
comenta João Eduardo.
O extensionista da Emater-MG conta
que a produção também poderá ser adquirida pelas prefeituras para abastecer o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA). E dependendo do desenvolvimento do projeto na região, a
pesquisadora da Epamig diz que, futuramente, poderão ser plantadas variedades
de arroz especiais (negro, vermelho e aromáticos), que tem um valor de mercado
maior.
Mercado em
crescimento
O cultivo do arroz de terras altas
cresceu consideravelmente nos últimos dois anos, devido à alta dos preços do
produto nos mercados. Atualmente, a saca do grão (50 Kg) está valendo cerca de
R$180, ao passo que em 2023 a cotação era de R$ 90. "Minas Gerais já foi o 3º
maior estado produtor de arroz do Brasil e, hoje, ocupa a 18ª posição. Perdemos
muitas áreas de arroz no estado, que foram substituÃdas pela soja", explica
Janine.
Outro ponto favorável ao resgate da
cultura do arroz no estado é a mudança na legislação, que se tornou mais
rigorosa, favorecendo o arroz de sequeiro, em detrimento das áreas de arroz
inundado, que emite muitos gases causadores do efeito estufa e pode poluir os
rios. Atualmente, 80% do arroz brasileiro vem do Sul do PaÃs, onde o cultivo é
100% irrigado. Em Minas Gerais, são produzidas, em média, 10,3 mil toneladas de
arroz em uma área de 3,2 mil hectares.
Fonte: Centro do comércio de Café do Estado de Minas Gerais