22 de abril de 2020 às 13:47
Plantio de hortaliças em casa: saúde ao alcance das mãos
O primeiro passo no cultivo de hortaliças é preparar bem a terra, de maneira que ela se mantenha bem arejada, adubada, com bom teor de matéria orgânica, descompactada, em grumos soltos e fáceis de revolver.
O Governo do Estado de São Paulo, diante da pandemia da Covid-19, tem
recomendado o isolamento social para que as pessoas possam permanecer
saudáveis. E a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, entre várias outras
ações, tem se preocupado em reforçar que neste período não falte o
abastecimento e os alimentos necessários cheguem até aos consumidores. A outra
preocupação da Secretaria é com quem produz para que possa sobreviver com
dignidade e renda para manter sua atividade. Mas, sem nenhum espírito de
concorrência, também é bastante saudável que as pessoas possam utilizar o seu
tempo em família e montar uma horta própria, a qual pode ser instalada em um
pequeno espaço, como ensina o engenheiro agrônomo da Divisão de Extensão Rural
da Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), Osmar Mosca Diz
em texto preparado para um “faça você mesmo a sua horta doméstica”. Aproveite o
momento, aprenda como produzir um alimento, ensine os seus a valorizarem o
trabalho do produtor rural e tenha o prazer e a saúde ao alcance de suas mãos!
“O cultivo de hortaliças, hoje em dia, vem ganhando cada vez mais a
atenção e a adesão das pessoas que buscam a satisfação de cultivar e colher o
seu próprio alimento, contribuindo assim para um estilo de vida mais saudável.
Muito versátil, a horticultura pode ser praticada, desde o plantio em pequenos
vasos, jardineiras e canteiros de uma casa (ou até mesmo de um apartamento) até
em escala comercial, no âmbito de uma propriedade rural.
O primeiro passo no cultivo de hortaliças é preparar bem a terra, de
maneira que ela se mantenha bem arejada, adubada, com bom teor de matéria
orgânica, descompactada, em grumos soltos e fáceis de revolver. Para a adubação
da terra, em nível doméstico, pode-se utilizar farinha de casca de ovos (pode
ser feita em casa, moendo a casca de ovo seca), farinha de ossos, torta de
mamona, fosfato natural de rocha (que podem ser adquiridos em lojas
agropecuárias), húmus de minhoca, cinzas de fogão ou forno à lenha, calcário,
pó de conchas e composto orgânico, entre outros insumos de origem natural.
No caso de cultivo em canteiros, é necessário também que a superfície de
cultivo esteja nivelada para não escorrerem as águas da chuva e das regas. Isso
tudo promoverá uma boa germinação das sementes e um crescimento satisfatório
das plantas, tendo em vista um bom desenvolvimento de suas raízes. Com o
terreno pronto, é hora de pensar em semear ou então transplantar as mudas de
hortaliças, as quais poderão ser produzidas em bandejas de isopor, em
embalagens plásticas, embalagens reaproveitáveis de sucos (néctares) e de leite
(entre outras), ou até mesmo no próprio canteiro, numa pequena área reservada,
que será a sementeira, cuja função é oferecer às sementes as condições
necessárias para a germinação e o desenvolvimento inicial das plantas. As
plântulas (plantas recém-germinadas), cultivadas na sementeira por algumas semanas,
serão posteriormente transplantadas para o local de cultivo definitivo, de
acordo com as recomendações (porte e espaçamento) para cada espécie.
Na sementeira devemos ter um cuidado ainda maior do que em todo o
canteiro, peneirando a terra, retirando os torrões e protegendo-a da ação
direta do sol e da chuva. Para isso, pode-se utilizar, por exemplo, uma
cobertura com sombrite ou então alguma outra cobertura disponível, tal como
aparas de gramas dispostas diretamente sobre a terra etc. Lembrar sempre que a
ação direta do sol sobre a superfície do solo provoca o seu ressecamento e
esterilização; já o impacto direto da chuva acarreta uma compactação na
superfície do solo, dificultando a emergência das plantas. Numa escala maior de
cultivo, há a desestruturação do solo e sua predisposição ao processo da
erosão. Nessa pequena parte do canteiro (a sementeira), pode-se semear alface,
almeirão, chicória, couves diversas, entre outras espécies de hortaliças
(aquelas que requerem transplante posterior).
Recomenda-se semear pequena quantidade de cada vez, a fim de não
desperdiçar e também para que se tenha uma ideia do total de mudas que haverá
dali algumas semanas. A tendência normal é lançar muitas sementes e depois não
ter espaço para plantar as mudas. Utilizando-se sementes em demasia, as
mudinhas vão crescendo muito juntas umas das outras, o que compromete o seu
desenvolvimento, podendo até mesmo ocasionar doenças e, também, dificultar o
transplante.
Caso tenha um espaço maior, as bandejas de isopor são de grande auxílio
e se optar por elas há aquelas que têm células maiores, destinadas para tomate,
pimentão, pepino, berinjela (plantas maiores) e outra com células menores e, em
maior número, destinada para as verduras em geral, como por exemplo, alface,
chicória, almeirão, entre outras. Nas bandejas, pode-se semear um número mais
exato de plantas que se deseja produzir para um determinado período de tempo e
de acordo com o espaço disponível para plantio nos canteiros.
As mudas produzidas em bandejas, ao serem transplantadas, são mais
facilmente adaptadas ao novo local devido à preservação por completo da
integridade do seu sistema radicular. Isso representa uma grande vantagem em
relação ao transplante a partir das sementeiras, situação em que se dá um maior
estresse por conta do rompimento de suas raízes. Nas células das bandejas em
que se deseja semear, deverá ser colocado um substrato composto por terra vegetal
produzida na propriedade (a partir, por exemplo, da compostagem) ou então
adquirido nas agropecuárias. No caso de se optar por fazer a mistura, será
preciso uma medida de húmus de minhoca juntando-se a ela uma medida de terra
peneirada e uma medida de composto orgânico peneirado.
Caso não haja um desses componentes, pode-se utilizar uma medida de
terra somando-se a ela uma medida de composto orgânico peneirado (ou outra
fonte de matéria orgânica peneirada). Após o preenchimento das células da
bandeja com o substrato, pode-se proceder a uma leve compactação com a palma da
mão e, em seguida, com a ponta do dedo, um graveto, ou um lápis fazer um
pequeno buraquinho onde será colocada a semente. Cada célula da bandeja deverá
receber de uma a três sementes da hortaliça que se deseja produzir, podendo
semear vários tipos numa mesma bandeja. A quantidade de sementes por célula
depende do vigor e do tamanho da semente.
Quanto ao tamanho, para sementes maiores como, por exemplo, as das
couves, da beterraba etc., pode-se pensar em colocar apenas uma semente em cada
célula da bandeja. De qualquer forma, é recomendável semear um número um pouco
maior do que aquele de mudas que se deseja obter, para o caso de haver alguma
falha na germinação ou no pegamento das mudas. Nos envelopes de sementes
constam informações sobre o poder germinativo e as datas de colheita e de
validade. Após a semeadura, molhar com delicadeza e deixar as bandejas
protegidas da ação direta do sol e da chuva, preferencialmente à meia-sombra.
A rega das bandejas deverá ser diária e, em casos de dias muito quentes,
até mesmo duas ou três vezes ao dia. Para isso, pode-se utilizar um pequeno
borrifador (500mL) ou um regador pequeno. Como as bandejas são frágeis e
relativamente grandes, pode-se pensar em cortá-las em pedaços menores, que
caibam dentro de uma pequena caixa de madeira (por exemplo, aquelas de uva ou
outras menores). Isso facilitará o transporte e o manejo da bandeja. O ideal é
que as bandejas em que foram semeadas fiquem suspensas para que os furos
inferiores recebam claridade, de maneira que as mudinhas não desenvolvam raízes
além dos furinhos (a claridade inibe o desenvolvimento das raízes das mudas).
Após a semeadura (tanto em sementeiras quanto nas bandejas), recomenda-se
guardar o restante das sementes em suas próprias embalagens, revestidas
primeiramente por um saco de papel e depois por outro, de plástico, bem
fechadas e no interior da geladeira (frio e escuro).
No caso da sementeira, deve-se molhá-la imediatamente antes do
transplante e retirar as mudas com muito cuidado, com a ajuda de uma pazinha de
mão, procurando levar a muda para o canteiro com o máximo de terra possível
junto à raiz.
O espaçamento
aproximado recomendável para as hortaliças folhosas (alfaces, almeirão,
chicória etc.) é de 25 a 30cm entre plantas. A partir das bordas do canteiro
até a primeira mudinha, deixar metade desse espaçamento. No caso de tomates,
pepinos, berinjelas e couves (couve de folha, brócolis, couve flor e repolho),
recomenda-se um espaço de 80cm entre cada planta.
Tanto a cenoura quanto o rabanete não aceitam o transplante, por isso devem ser semeados diretamente no canteiro, distribuindo-se as sementes em sulcos transversais de aproximadamente 2cm de profundidade, distanciados uns dos outros de 20 a 25cm. As sementes são assim distribuídas com parcimônia ao longo do sulco e depois cobertas com uma camada de terra fina peneirada (sem torrões). A beterraba e a rúcula aceitam ser transplantadas (podendo ser semeados em sementeiras ou bandejas), mas vão muito bem também na semeadura direta, como recomendado para cenoura e rabanete”. (Osmar Mosca Diz (osmar.diz@cdrs.sp.gov.br) – Engenheiro Agrônomo da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (Divisão de Extensão Rural - (Dextru/CDRS)
Por: Paloma Minke
Fonte: SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO DO ESTADO DE SP