01 de junho de 2020 às 11:44
Saiba como evitar a presença de lesmas e caracóis no quintal ou horta
Crédito:secretaria da agricultura SP
Muita gente que se esforça para manter as plantas do quintal ou
jardim de casa saudáveis e bonitas já se deparou com eles. Caracóis e lesmas
são presença frequente em diversas plantas ornamentais ou alimentícias. Do
mesmo modo, produtores rurais constantemente sofrem com as perdas que eles
causam. Mas será que estes animais são todos iguais? A presença deles é sempre
algo ruim?
“As lesmas e caracóis são moluscos gastrópodes responsáveis por
perdas econômicas na produção de hortaliças e plantas ornamentais, além de
muitas vezes, causarem incômodo pela simples presença”, diz Francisco José
Zorzenon, pesquisador do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de
Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O pesquisador menciona que
a principal diferença entre eles se dá pela existência de uma concha bem
desenvolvida nos caramujos e caracóis e ausente (ou pouco desenvolvida) nas
lesmas. “Convenciona-se que, enquanto os caramujos são de hábito marinho, os
caracóis vivem em ambiente terrestre ou aquático de água doce”, coloca o
especialista. Já as lesmas, acrescenta, são na maior parte das vezes,
terrestres, ainda que existam espécies em ambientes aquáticos.
No Brasil, existem muitas espécies nativas destes moluscos.
Apesar de sua presença ser indesejada para muita gente, devido ao seu aspecto
viscoso, a maior parte delas não causa maiores problemas para jardins e
quintas, estando integradas aos habitats. Quando se trata de produção de
hortaliças ou mudas ornamentais, entretanto, desequilíbrios na população dos
moluscos podem trazer prejuízos importantes. “Provocam tanto prejuízos
quantitativos quanto qualitativos, pois, além de diminuírem a produtividade,
depreciam o produto, reduzindo seu valor devido à presença de muco ou mesmo dos
próprios animais nas hortaliças”, pontua Zorzenon. “Em plantas ornamentais
também podem causam danos estéticos e em alguns casos, quando em infestações
severas, podem ser consideradas pragas limitantes, levando ao depauperamento e
morte das plantas”, adiciona. O pesquisador do IB pondera que os prejuízos
econômicos são variáveis, dependendo do tipo de cultura atacada. Em alguns
casos, como no cultivo de feijão em plantio direto, por exemplo, pode haver uma
redução de até 20% na produtividade devido à presença dos moluscos-pragas. Batata
e batata-doce são também culturas bastante afetadas.
A situação é agravada, segundo o especialista, pela presença
disseminada de espécies exóticas, consideradas invasoras. “A introdução do
caracol-gigante-africano (Achatina fulica) no Brasil para fins comerciais em
substituição ao escargot (Helix spp.), fez com que ele se tornasse uma praga
agrícola e urbana de importância econômica”, frisa Zorzenon. O pesquisador
conta que, por ser uma espécie exótica e extremamente agressiva, tanto na
procura por alimentos quanto em sua reprodução, o caracol-gigante-africano não
possui inimigos naturais, o que propicia um aumento muito rápido de sua
população, fazendo com que já seja possível encontrá-lo em todas as partes do
país. Além disso, comenta, compete com as espécies nativas podendo levar à
diminuição da diversidade de moluscos de uma região, causando um impacto
ambiental. “Além dos danos econômicos, também possui importância sanitária,
pois pode transmitir vermes prejudiciais à saúde humana, os quais são causadores
de doenças graves, que podem levar a perfuração intestinal e hemorragia
abdominal, resultando, em alguns casos, em óbito”, alerta o especialista,
ressaltando que não se deve tocar no animal sem o auxílio de luvas ou de uma
sacola plástica.
Como controlar a
população de caracóis e lesmas na propriedade?
De acordo com pesquisador do IB, uma prática incorreta, mas
muito difundida, é o uso do sal, colocado diretamente sobre os moluscos para
abatê-los. “Essa prática deve ser evitada, pois em excesso poderá causar a
redução da fertilidade do solo, afetando diretamente o vigor das plantas”,
adverte. Segundo Zorzenon, a escolha da melhor medida ou conjunto de medidas a
serem empregadas depende de vários fatores, como tamanho da propriedade, tipo
de cultivo e grau de infestação. Confira abaixo as práticas que o especialista
indica como sendo as mais racionais e eficientes no controle de lesmas e
caracóis:
Catação: a coleta manual de adultos é factível quando a área
cultivada for pequena, ou em áreas urbanas domiciliares (jardins, quintais,
etc.). Deve-se coletá-los com luvas de borracha ou sacos plásticos, devido às
doenças que podem transmitir. Os indivíduos deverão ser destruídos em água
fervente ou manualmente (sem contato direto com as mãos). Também podem ser
acondicionados em sacos plásticos de cor escura, bem fechados, deixando-os ao
sol por algumas horas.
Iscas tóxicas: normalmente à base de metaldeído (produto medianamente tóxico
e de uso domissanitário), são pellets que devem ser distribuídos na dose de 50
gramas por metro quadrado, propiciando uma redução de mais de 80% da população
infestante. Há ainda, no mercado, iscas à base de fosfato férrico, também em
forma de pellets e de menor impacto ambiental (menos tóxica a animais
silvestres, domésticos, etc.), que devem ser utilizadas seguindo as orientações
do fabricante.
Armadilhas atrativas: consistem em estopa ou panos embebidos em cerveja ou leite
dispostos junto à cultura infestada. As armadilhas devem ser colocadas ao
anoitecer e recolhidas no dia seguinte bem cedo. Tanto a cerveja quanto o leite
atraem lesmas e caracóis, os quais deverão ser recolhidos e destruídos
manualmente ou em água fervente. Também poderão ser colocados restos de
hortaliças (talos, folhas, etc.) como atrativos, sobre jornais ou lona plástica.
Cal ou cinzas: apesar de menos eficiente quando comparado a outros métodos, a
cal ou as cinzas podem ser dispensadas em faixas de 20 cm de largura em volta
da cultura. Estas faixas dificultam o acesso de lesmas e caracóis às plantas.
Após cada chuva, ou semanalmente, deve-se repetir o procedimento.
Fonte: secretaria da agricultura SP